É o que indica o último relatório de Indicadores Imobiliários Nacionais, apresentado pela CBIC (Câmara Brasileira da Industria da Construção Civil), nessa segunda-feira (21/02). Contudo, desempenho do mercado variou de acordo com a região.
O número de vendas de imóveis novos cresceu 12,8% em 2021 no país, em comparação com 2020. Os lançamentos registraram aumento de 25,9% e a oferta final fechou o ano com 3,8% de crescimento. Considerando os três últimos meses de 2021, em relação ao trimestre anterior, as vendas subiram 3,6%, os lançamentos cresceram 24% e a oferta final ficou em 10,4%.
As informações foram divulgadas em 21 de fevereiro pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), a partir de levantamento realizado com o Senai Nacional, em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. Foram coletados dados de 176 cidades, sendo 22 capitais. Algumas cidades foram avaliadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.
Vendas
No quarto trimestre em comparação com o terceiro, as vendas registraram aumento de 3,6%. Somente a região Sudeste registrou aumento, de 15,5%, com 39.556 unidades comercializadas no período. As demais apresentaram quedas. A região Norte foi a que registrou o maior declínio nas vendas (-22,9%), com 1.428 unidades. Seguiram-se as quedas das regiões Nordeste (-14,6%), Sul (-8,2%) e Centro-Oeste (-0,7%).
Na comparação de 2021 em relação a 2020, a região Nordeste registrou o maior percentual de crescimento, com 16,7% a mais nas vendas, seguida da região Sudeste, com aumento de 14,3%, Centro-Oeste (11,1%) e Sul (8,2%). A região Norte registrou queda de 4,6%.
“Por estarmos em ano eleitoral, associado a outros fatores econômicos, acredito que teremos um ano de 2022 igual ao de 2021, quer nos lançamentos ou vendas”, estimou Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC.
Lançamentos
Em comparação a 2020, os lançamentos aumentaram 25,9% em 2021. A região Sudeste liderou com crescimento de 32% e 159.662 unidades lançadas no período. Centro-Oeste registrou aumento de 29,3%, com 20.186 unidades lançadas, o Nordeste cresceu 22,1%, com 37.643 lançamentos. Na região Sul foram 41.884 lançamentos e aumento de 11,8% e a Norte teve 6.303 lançamentos, com crescimento de 0,8%.
No comparativo entre o terceiro trimestre de 2021 e o quarto, o valor geral lançado (VGL – a multiplicação do número de unidades lançadas pelo valor cobrado por cada uma), o crescimento foi de 42,5%, somando R$ 42 bilhões. Em 2021, o aumento foi de 48,9% em relação ao ano anterior, com VGL de R$ 116 bilhões.
Oferta
A oferta final aumentou 10,4% no 4º trimestre em relação ao anterior e chegou a 232.566 unidades ofertadas, em estoque, em dezembro de 2021. Considerando a média de vendas dos últimos 12 meses, se não houver novos lançamentos, a oferta final se esgotaria em 10,7 meses.
“Os lançamentos consolidados do ano tiveram crescimento de 25% em relação a 2020. Em 2021 observamos um crescimento forte até segundo trimestre, seguido de estabilidade e uma pequena queda no quarto trimestre, mas ainda assim registrando um recorde na série histórica”, destacou Petrucci.
Preços e poder de compra
Na análise da CBIC, os lançamentos e as vendas do segundo semestre de 2021 foram afetados pela mudança do cenário econômico, pelos efeitos do aumento de custos dos insumos da construção e pela redução efetiva no poder de compra das famílias.
“Vontade de compra tem, a questão é se o imóvel cabe no bolso. Continuamos crescendo, mas se não acontecesse o aumento dos insumos o ano teria sido muito melhor, inclusive porque houve redução do poder de compra devido ao aumento de inflação e taxas de juros. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a 10% e o INCC (Índice Nacional da Construção Civil) foi o dobro (20%), ou seja, o custo da construção subiu mais que a reposição de salários e isso descasa com a capacidade de compra da tão desejada casa própria. Hoje deixamos de vender porque as pessoas não têm capacidade de compra. E o emprego de amanhã pode ser prejudicado com as baixas vendas de hoje”, comentou José Carlos Martins, presidente da CBIC.
Segundo Celso Petrucci, os preços dos imóveis registraram aumento de 6,12% no último trimestre de 2021, em relação ao trimestre anterior. Segundo ele, as construtoras não estavam repassando o aumento nos custos aos preços dos imóveis, mas agora o consumidor final está absorvendo a elevação dos preços materiais.
“Tivemos esse crescimento de 6%, mas quando observamos a curva do INCC não houve reposição total de preço. Outra coisa bem característica é o fato de ser muito mais difícil repor preço no programa Casa Verde Amarela do que nas unidades de mercado, pois acaba saindo do bolso do consumidor essa diferença”, destacou Petrucci.
Casa Verde e Amarela
No último trimestre de 2021, em relação ao trimestre anterior, o número de lançamentos no programa Casa Verde e Amarela (CVA) subiu 28,3%, as vendas caíram 0,3% e a oferta final registrou alta de 12,1%.
No 4º trimestre de 2021, a participação do CVA no total de unidades vendidas registrou leve queda, passando de 47% no terceiro trimestre para 45% no quarto. Em relação aos lançamentos, do total do quarto trimestre, 41% foram do Casa Verde e Amarela.
A região com o maior número de unidades vendidas pelo CVA no último trimestre de 2021 foi a Sudeste com 18.167, seguida da região Nordeste com 5.248. A região Sul teve 3.614 imóveis comercializados pelo programa, a região Centro-Oeste 1.660 e a região Norte, 721.
No CVA, as vendas aumentaram 3,4% em 2021 em relação ao ano anterior. Segundo o presidente da CBIC, o mercado deve ser afetado positivamente pela nova curva de subsídios que entrará em vigor entre março e abril deste ano. A expectativa da entidade é que a melhora nas vendas do CVA poderá aproximar os indicadores de 2022 daqueles de 2021. “Com essa melhora da nova curva de subsídios do FGTS, a expectativa é ter um ano de estabilidade, com crescimento no programa habitacional e um pouco de redução em outros nichos de mercado”, disse Martins.
Intenção de compra
As pessoas entrevistadas apontaram que 62% não possuem intenção de compra de imóveis no país; 20% têm intenção mas não começaram a procurar ativamente; 12% possuem intenção, mas procuraram apenas na internet, e 6% têm intenção e já começaram a visitar imóveis e estandes de vendas, de acordo com a Brain.
Para Marcos Katharlian, sócio-fundador da Brain, o interesse de compra do consumidor se manteve estabilizado. “A pesquisa apontou que 38% das famílias querem comprar um imóvel nos próximos meses e anos. Nossa dúvida era se a intenção ia continuar em queda ou não, mas o patamar de intenção se estabilizou nessa média, que é bastante razoável”, afirmou.
Fonte: CBIC, Sinduscon PR