A incorporação de práticas de sustentabilidade no setor da construção civil é uma tendência de mercado crescente. Sua adoção é exigida pelos diferentes agentes da sociedade (consumidores, investidores, associações, governo e investidores), que estimulam e pressionam o setor a incorporar práticas ecologicamente sustentáveis e socialmente justas em suas atividades. Atualmente, as discussões sobre sustentabilidade avançam e envolvem cada vez mais profissionais de diversas áreas, orientados para a busca de soluções para esse novo desafio.
As soluções relacionadas à sustentabilidade devem estar presentes em todo o ciclo de vida do empreendimento, desde sua concepção até sua requalificação, construção e demolição, incluindo o detalhamento do que pode ser feito para melhoria do desempenho em cada fase da atividade, e de modo a prover um projeto, implantação e ocupação voltados ao desenvolvimento de uma economia de baixo carbono.
Em sua palestra para o Seminário de Sustentabilidade nas Construções promovido pelo Sinduscon Grande Florianópolis, o CEO da Ambiens Sustentabilidade Integrada, Emerilson Gil Emerim, destacou que “à medida que a tecnologia evolui, o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono passa a ser uma necessidade de mercado, não sendo possível o alcance da sustentabilidade no setor de arquitetura, engenharia e construção sem a promoção de uma mudança na maneira de projetar e construir”.
Ainda hoje é comum observar no meio urbano situações notadamente não sustentáveis, como edificações sem conforto térmico/acústico que demandam elevado consumo de energia elétrica, lançamento de esgotos domésticos e industriais sem o devido tratamento, degradação de grandes áreas para implantação de empreendimentos, obras sem o acompanhamento ambiental adequado, entre outros. Em contraponto a essa realidade, são diversas as alternativas que podem ser adotadas, visando atendimento dos princípios básicos da construção sustentável, os quais destacam-se:
- Desenvolvimento de projeto arquitetônico e de engenharia personalizado com a utilização de materiais renováveis (painéis de bambu e madeira por exemplo)
- Aproveitamento de condições naturais locais, tais como topografia, incidência de luz solar, sombra e vento, para economizar energia;
- Aproveitamento das potencialidades microclimática visando o bom desempenho energético;
- Preservação da vegetação existente;
- Integração arquitetônica da construção à paisagem do entorno;
- Tijolos feitos de material de construção recuperado;
- Utilização de concreto reciclado;
- Utilização de ventilação permanente, através de aberturas e divisas descontínuas para passagem do ar;
- Utilização de prédios desativados ou que estejam prestes a serem demolidos têm valor sustentável para construtoras holísticas inteligentes.
- Utilização de matéria prima recuperada, como por exemplo: fachada de outros edifícios.
- Abordagens minimalistas de projeto – com linhas suaves, tetos expostos e pisos de concreto polido que reduzem o volume total de material utilizado;
- Redução do consumo energético e água;
- Educação ambiental constante, visando a conscientização dos envolvidos no processo e redução de desperdícios.
Neste sentido, além do desenvolvimento de práticas sustentáveis, cabe destacar a importância do reporte destas práticas através de um relatório de sustentabilidade, também conhecido como Relatório ESG (Environmental, Social, and Governance traduzido em português: Ambiental, Social e de Governança Corporativa).
O Relatório ESG visa divulgar de forma transparente o detalhamento das ações desenvolvidas, trazendo dados, métricas, indicadores, metas e os resultados alcançados para a temática da sustentabilidade. Este relato auxilia os diferentes stakeholders interessados (investidores, financiadores, clientes, fornecedores e outros agentes) a entender o que a organização se compromete a fazer e o que de fato está sendo cumprido em termos ESG em seu processo produtivo.
Qualquer empreendimento para ser sustentável deve atender de modo equilibrado, além da viabilidade econômica, a adequação ambiental, a aceitação cultural e o interesse social para implantação do mesmo. Neste sentido, é emergencial que as empresas mudem sua forma de planejar, construir e gerir suas obras, com o objetivo de promover um modelo de desenvolvimento inclusivo e benéfico do ponto de vista socioambiental. Isso será obtido através de esforços voltados para a integração de interesses comuns, tais como ordenamento territorial, melhoria da arquitetura da paisagem, bioclimatismo, eficiência energética, segurança pública, proteção do meio ambiente e diversidade entre outros fatores preponderantes e essenciais para qualidade de vida no meio urbano.