Palestra abriu a série de encontros do projeto Mercado Imobiliário, promovido por Grupo ND, Sinduscon Grande Florianópolis e Seconci
O empresário Felipe Cavalcante, uma das principais referências no Brasil em cidades planejadas, foi o primeiro palestrante da nova edição do projeto Mercado Imobiliário, promovido pelo Grupo ND, Sinduscon Grande Florianópolis e Seconci. O evento aconteceu na manhã de terça-feira (17), no Il Campanário, em Jurerê Internacional, e reuniu cerca de 130 pessoas, entre empresários da construção civil, urbanistas, profissionais do setor e moradores da região.
Durante a palestra, Cavalcante destacou a importância de pensar nas cidades de forma mais inteligente e humana. Segundo ele, não adianta criar áreas bonitas e modernas se elas não tiverem moradores e circulação constante de pessoas. “Vejo muita gente se preocupar com o número de andares de um prédio, quando o mais importante é como ele se conecta com a rua. Sem gente por perto, o comércio não funciona, o transporte público não se sustenta e a região perde vida”, afirmou.
Para ele, os bairros, para serem mais vivos e seguros, precisam de pessoas morando e circulando diariamente. É o que ele chama de “massa crítica”. “Centralidades esvaziadas se transformam em locais inseguros e sem atrativos. O que faz um bairro funcionar é a presença constante das pessoas”, reforçou, defendendo construções com “fachadas ativas”, ou seja, com lojas, serviços e entradas voltadas para a rua, estimulando o movimento urbano.
Outro ponto de destaque da palestra foi a crítica ao modelo tradicional de mobilidade, focado no carro. “Aumentar ruas para aliviar o trânsito é como afrouxar o cinto para resolver a obesidade”, disse, citando o urbanista Lewis Mumford. Para Cavalcante, o problema não está no trânsito em si, mas na forma como as cidades são desenhadas. “A melhor política de mobilidade é reduzir distâncias. Se tudo está perto, não precisamos nos deslocar tanto”, explicou.
Além da palestra, o evento apresentou uma pesquisa da Alphaplan sobre o mercado imobiliário do Norte da Ilha, que mostrou forte aquecimento na região, com 675 unidades em estoque, 42 empreendimentos e 32 empresas atuando no local.
Carlos Berenhauser Leite, presidente do Sinduscon Grande Florianópolis, destacou a importância da discussão: “Não existem soluções simples, mas encontros como esse ajudam a encontrar caminhos possíveis. Como disse o Felipe, não se cria um bairro vibrante por decreto. É preciso planejamento, união de esforços e compromisso com a cidade que queremos construir”.
