Apostar em imóveis sempre foi um investimento visto pelos brasileiros como a opção mais segura do mercado. Segundo vários especialistas, a valorização imobiliária é constante e garantida, diferente de outras opções ofertadas, que sofrem variadas oscilações, sobretudo, devido ao momento econômico do Brasil e de outros países.
Até 2020, o mercado imobiliário vinha de um período recessivo de pouco mais de três anos e começou a experimentar uma reação, no início do ano passado, quando foi anunciada a pandemia mundial da COVID-19. Se por um lado as circunstâncias causadas pelo coronavírus, aliado a processos burocráticos em órgãos públicos, frearam alguns projetos imobiliários, por outro, o isolamento social fez com que as famílias repensassem seus lares e isso fez crescer as vendas imobiliárias.
Mais vendas e menos lançamentos em Florianópolis
Uma pesquisa contratada pelo Sinduscon Grande Florianópolis mostrou que a Capital catarinense vendeu mais unidades imobiliárias do que lançou no primeiro semestre de 2021. Segundo dados da Brain Inteligência de Mercado, foram lançados na cidade de Florianópolis apenas 8 empreendimentos no primeiro trimestre deste ano e 14 no segundo trimestre. Um total de 22 empreendimentos verticais e horizontais na cidade.
Quando comparado com os lançamentos realizados no mesmo período de 2020 – em que foram registrados 19 no primeiro trimestre e 18 no segundo trimestre, somando 37 empreendimentos – fica nítido que Florianópolis teve uma queda de -18,32% nos lançamentos do primeiro trimestre e -22,22% no segundo trimestre, respectivamente, chegando a um volume – 40,54% no semestre. Do total de empreendimentos mapeados apenas no segundo trimestre de 2021, registraram-se 1.248 unidades lançadas, enquanto 1.482 unidades foram comercializadas. Ou seja, a movimentação consumiu 234 unidades, uma queda no estoque de unidades.
Relação das vendas Vs. lançamentos e estoque
O cenário mostra que todo o crescimento do mercado imobiliário nos últimos 10 anos ocorreu basicamente em razão do financiamento imobiliário. Foram as concessões financeiras que proporcionaram à população adquirir tais imóveis.
Dado o vulto das operações imobiliárias, a maioria absoluta das aquisições e das vendas depende basicamente de financiamento imobiliário. Nos anos anteriores, o baixo crédito impõe ao comprador um uso maior de recursos próprios, o que dificulta as negociações de quem tenta adquirir um imóvel. Uma vez que o mercado de trabalho está se reestruturando, o crédito facilita nesse processo de retomada.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP), no Brasil, de janeiro a julho de 2021, foram registradas 81.169 unidades financiadas com recursos de poupança. Os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$18,79 bilhões em julho de 2021. O montante foi 4,4% inferior ao registrado em junho, mas, comparado a julho do ano passado (R$10,82 bilhões), cresceu 73,6%.
Estoque imobiliário em Florianópolis preocupa
Ao passo que o volume de lançamentos imobiliários está diminuindo a cada trimestre, e a demanda comercial se mantém ativa, a tendência mostra que Florianópolis irá experimentar um déficit imobiliário. A pesquisa também mapeou a disponibilidade de estoque imobiliário em Florianópolis.
No primeiro trimestre de 2021 foram registrados 159 empreendimentos verticais, totalizando 12.078 unidades, desse total 1.936 unidades estavam disponíveis. Já o segundo trimestre deste ano identificou 135 empreendimentos, com 10.240 unidades e, desse total, 1.903 unidades disponíveis. Quando comparado o segundo trimestre com o primeiro de 2021, a queda parece tímida – 1,70%, entretanto, é importante ressaltar que, caso a queda nos estoque continue ocorrendo, lançamentos diminuindo e os custos de construção se manterem mais elevados (vide inflação da construção civil (CUB/m²)), existe uma tendência ainda maior de elevação dos preços.
Ainda segundo o estudo, o setor da construção civil encerrou os primeiros seis meses de 2021 com números negativos, que apontam que a atividade ainda está em processo de retomada do crescimento, desacelerada no ano passado. A comparação com 2020 apresenta taxas que refletem mais a base deprimida que a magnitude em si, o que também indica um momento de pausa nos novos investimentos, a fim de aguardar a melhora do cenário econômico. Um dos motivos dos entraves de novos empreendimentos na cidade de Florianópolis, apontado pelos empresários do setor, está atrelado a demora na aprovação dos projetos devido a uma série de burocracias.
O Sinduscon Grande Florianópolis vem atuando, de forma proativa e participativa com os poderes públicos, a fim de encontrar mecanismos que destravem a economia. “Ao longo deste ano já participamos de algumas reuniões, a fim de buscar mais segurança jurídica a todos. Nosso objetivo é estimular o setor legal da indústria da construção, bem como o incentivo para habitações de interesse social, fundamentais para evitar e desestimular as invasões e construções ilegais”, destaca Marco Aurélio Alberton, presidente do Sinduscon Grande Florianópolis.
O Sinduscon Grande Florianópolis continua monitorando os dados mercadológicos e setoriais através de pesquisas trimestrais. Para saber mais informações sobre a Entidade acesse https://sinduscon-fpolis.org.br.
TABELA NÚMERO DE LANÇAMENTOS – EMPREENDIMENTOS
Período | Número de Lançamentos (Empreendimentos) |
1° T 2020 | 19 |
2°T 2020 | 18 |
3°T 2020 | 19 |
4°T 2020 | 15 |
1°T 2021 | 8 |
2°T 2021 | 14 |
Fonte: Pesquisa Brain Inteligência de Mercado / Sinduscon Grande Florianópolis
Comparativos de lançamentos:
2°T 2021 em comparação com 2°T 2020: -22,22%
2°T 2021 em comparação com 1°T 2021: +75%
1°+ 2° T de 2021, comparativo com 1°+2° T de 2020: -40,54%
TABELA NÚMERO DE LANÇAMENTOS – UNIDADES
Período | Número de Lançamentos (Unidades) |
1° T 2020 | 882 |
2°T 2020 | 1.394 |
3°T 2020 | 2.637 |
4°T 2020 | 1.672 |
1°T 2021 | 321 |
2°T 2021 | 1.248 |
Fonte: Pesquisa Brain Inteligência de Mercado / Sinduscon Grande Florianópolis
Comparativos de lançamentos:
2°T 2021 em comparação com 2°T 2020: -10,47 %
2°T 2021 em comparação com 1°T 2021: +288,78%
1°+ 2° T de 2021, comparativo com 1°+2° T de 2020: -31,06%.
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